quarta-feira, 6 de março de 2013

Dilma cancela viagem à Argentina para ir a velório de Chávez

  • ‘Reconhecemos uma grande liderança, uma perda irreparável, sobretudo de um amigo do Brasil e do povo brasileiro’
  • Cristina Kirchner também adiou sua agenda oficial 
    O GLOBO (Email)
    Com agências internacionais
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Reunião de Cúpula Extraordinária do Mercosul, no Palácio do Planalto em julho do ano passado
Foto: André Coelho/Arquivo
    Reunião de Cúpula Extraordinária do Mercosul, no Palácio do Planalto em julho do ano passado André Coelho/Arquivo
    BRASÍLIA — A presidente Dilma Rousseff cancelou a viagem à Argentina, programada para esta semana, para ir ao velório do presidente venezuelano, Hugo Chávez, cuja morte foi anunciada nesta terça-feira. Durante o 11º Congresso Nacional dos Trabalhadores e Trabalhadoras Rurais, Dilma lamentou a morte do líder, que definiu como uma “liderança comprometida com seu pais e com o desenvolvimento dos povos da América Latina”.
    — Morreu um grande latino-americano, o presidente da Venezuela, Hugo Chávez Frias. Essa morte deve encher de tristeza todos os latino-americanos e centro-americanos. Chávez foi sem dúvida uma liderança comprometida com seu pais e com o desenvolvimento dos povos da América Latina — afirmou.
    Antes de pedir um minuto de silêncio para homenagear o “grande latino-americano”, ela lembrou que nem sempre o governo brasileiro concordou com as ideias de Chávez. Ela afirmou que a morte do líder venezuelano “deixará no coração dos povos da América Latina um vazio”.
    — Em muitas ocasiões, o governo brasileiro não concordou integralmente com suas ideias. Mas hoje, como sempre, reconhecemos uma grande liderança, uma perda irreparável, sobretudo de um amigo do Brasil e do povo brasileiro. Chávez estará no coração e na história. Lamento com presidente da República essa morte, como uma pessoa que tinha por ele um grande carinho. Chávez, antes de tudo, foi generoso com todos aqueles que nesse continente precisaram dele.
    Chávez morreu após uma batalha de dois anos contra um câncer, encerrando o período de 14 anos do líder socialista no poder, anunciou o vice-presidente Nicolás Maduro em pronunciamento na televisão na noite desta terça.
    Assim como Dilma, a presidente da Argentina, Cristina Kirchner, também adiou sua agenda oficial após a confirmação da morte. Ela está em Buenos Aires, e iria participar de um ato de distribuição de 13 mil livros às escolas do país, segundo o “La Nación. O presidente da Bolívia, Evo Morales — um dos mais próximos amigos do venezuelano — também irá viajar ainda ainda na noite desta terça-feira para despedir-se em Caracas. Segundo a ministra boliviana da Comunicação, Amanda Dávila, o governo boliviano vai decretar luto oficial no país andino.
    O presidente, de 58 anos, passou por quatro cirurgias em Cuba para tratar um câncer que foi inicialmente detectado na região pélvica em meados de 2011. Sua última cirurgia foi em 11 de dezembro e ele não foi visto em público desde então.
    Congresso faz um minuto de silêncio
    O presidente do Senado, Renan Calheiros (PMDB-AL), pediu um minuto de silêncio na sessão do Congresso aberta na noite desta terça-feira pela morte do ex-presidente da Venezuela, Hugo Chávez. Em uma curta homenagem, o senador destacou a parceria de Chávez com o Brasil.
    — Hugo Chávez foi sempre um grande amigo do Brasil, independentemente de sua posição política, que não cabe ser discutida agora. Por isso, é importante que o Congresso faça essa homenagem — apontou.
    O senador Walter Pinheiro (PT-BA), que soube da morte do líder venezuelano ainda no plenário do Senado, pouco depois do encerramento da sessão desta terça-feira, afirmou preocupar-se com a transição no país, prevendo que haverá “turbulência” na sucessão presidencial.
    — A morte de Chávez, na verdade, são duas mortes: uma física e outra institucional. Um fosso institucional se abre na Venezuela, é um país que viverá muita turbulência durante o processo eleitoral. Acho que não vai ser uma transição tranquila - afirmou.
    O senador Randolfe Rodrigues (PSOL-AP) lamentou a morte de Chávez e fez votos de que a população da Venezuela supere o fato.
    — Hugo Chávez apontou um novo rumo para a América Latina, apresentou um novo caminho possível. Tenho certeza que o povo venezuelano saberá garantir as conquistas da revolução bolivariana superar esse momento triste e amargo — disse.
    Já a deputada federal Jandira Feghali (PCdoB-RJ) afirmou em nota que “reconhece a luta do político latino-americano por levar justiça social e mais igualdade a tantos venezuelanos, dentro de um programa político consistente”. Jandira, que se referiu ao presidente como “o guerreiro”, afirmou que ele deixa um legado de muitas vitórias nas políticas públicas de inserção social e econômica da Venezuela. “Chávez é um nome que inspira a luta por mais direitos ao povo. Os venezuelanos perdem um grande gestor e líder socialista. A América Latina também. Mas nenhum de nós perdeu seu grande sonho: uma sociedade mais justa e menos desigual”, afirmou.
    O ministro das Relações Exteriores, Antônio Patriota, também lamentou a morte do presidente da Venezuela Hugo Chávez. Em um breve comunicado, ele destacou a estreita relação de Chávez com o Brasil. “A Venezuela, sob a liderança do Presidente Chávez, viveu processo sem precedente histórico de aproximação com o Brasil. O presidente Chávez será lembrado como o líder venezuelano que maiores vínculos teve com o Brasil e que maior contribuição deu aos esforços de integração regional. Sob sua presidência, a Venezuela tornou-se parceiro estratégico do Brasil e sócio pleno do Mercosul”, enfatizou o ministro.

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