A promotoria acusa o biamputado por assassinato premeditado da jovem, em sua casa. A defesa, por sua vez, afirma que Pistorius confundiu a namorada, que foi alvejada dentro do banheiro, com um ladrão.
Pistorius permaneceu de cabeça baixa durante toda a audiência e não se pronunciou (Foto: Agência Reuters)
A primeira parte do novo encontro com o juiz contou com um novo e importante depoimento. O promotor responsável pelo caso, Gerrie Nel, convocou o detetive Hilton Botha, que esteve na cena do crime na madrugada da tragédia. Ele contou alguns detalhes da cena que encontrou ao chegar na casa do atleta e garantiu ter uma testemunha que ouviu gritos antes dos disparos.
- Nós temos a declaração de uma pessoa que disse que ouviu tiros, foi para a sua varanda e viu que a luz (da casa de Pistorius) estava acesa. Então, ouviu uma mulher gritando duas ou três vezes, e depois mais tiros - contou o investigador. A casa da testemunha fica a 300m da casa de Pistorius.
Para o detetive, o crime, de fato, foi premeditado e conceder fiança ao atleta seria um risco, uma vez que Pistorius pode estar planejando fugir da África do Sul. Foi informado ao juiz Desmond Nair que Kenny Woldwage, um dos advogados de Pistorius, estava à procura de documentos e um cartão de memória com detalhes de contas do atleta no exterior. O juiz não concordou com a suposição, alegando que o atleta, além de ser uma figura conhecida mundialmente, é biamputado.
- Ele é um atleta reconhecido internacionalmente e usa próteses. Você ainda acredita que ele é um "risco de fuga"? - questionou o juiz, arrancando risos dos presentes no tribunal.
O investigador afirmou que os tiros foram disparados na direção do vaso sanitário, que fica mais para a esquerda da porta. Se Pistorius atirasse em um ângulo reto em relação à porta, não acertaria o vaso.
Após o primeiro intervalo, a acusação mostrou a planta da casa de Oscar Pistorius. Conforme foi mostrado através de um projetor na sala da audiência, para caminhar da varanda (onde Pistorius afirmou ter ido antes de atirar) para o banheiro é preciso passar pela cama. O atleta biamputado disse que só notou que a namorada não estava na cama após os disparos.
Planta da casa de Pistorius mostra a direção dos tiros disparados (Foto: Agência AFP)
O detetive colocou mais uma vez em xeque a versão de Pistorius, que
disse ter atirado sem suas próteses. A balística ainda está sendo
analisada, mas, ao que parece, os tiros foram disparados de cima para
baixo. Ele também lembrou que foram achados esteroides na casa do
atleta.Achamos duas caixas de testosterona. Agulhas e injeções - revelou.
A defesa, no entanto, garante que as substâncias são naturais e muito usadas por atletas.
Testemunha ouviu gritos
O detetive afirmou que Pistorius nunca fez uma reclamação sobre violência e ameaças de morte para ele. No depoimento juramentado, o atleta diz que já sofreu esse tipo de ameaça. Um coldre para armas foi achado no mesmo lado da cama onde estavam a bolsa e os chinelos de Reeva.
Antes de encerrar seu depoimento, o detetive Botha trouxe um relato de uma testemunha que ouviu uma discussão entre o casal por volta das 2h e 3h da manhã, seguida por tiros. Pistorius disse que estava no escuro, mas a testemunha apontou que as luzes estavam acesas, ouviu um grito de uma mulher e pôde ouvir mais tiros em seguida.
- De jeito nenhum foi defesa pessoal. Acredito que ele sabia que ela estava no banheiro, e deu quatro tiros através da porta - afirmou o investigador.
O detetive Hilton Botha prestou depoimento nesta quarta-feira. Ele acompanha o caso (Foto: AFP)
O advogado de Oscar Pistorius então apresentou um novo argumento. Ele disse que a bexiga de Reeva Steenkamp estava vazia quando ela morreu.
- Se a bexiga vazia não pode ser resultado de perfuração ou vazamento, o que você diria? Você aceita que é consistente alguém levantar às três horas da manhã para esvaziá-la? - questionou.
A defesa alegou que a autópsia não encontrou sinais de ferimentos de autodefesa ou agressão no corpo de Reeva. O detetive confirmou a informação. O advogado afirma que Oscar Pistorius ligou para a companhia de assistência médica Netcare às 3h20m, e o segurança que o atendeu o ouviu chorando depois de o atleta esquecer de desligar o celular.
O detetive admitiu que não achou provas de que o casal não tinha um bom relacionamento e nem evidências que tornassem inconsistente a versão de que Pistorius atirou acidentalmente em Reeva por pensar que era um ladrão na casa.
Acusação relembra agressão antiga
Roux continuou fazendo perguntas ao detetive Botha após um novo intervalo para almoço. De cara, o advogado de Pistorius disse que a munição de calibre 38 encontrada na mansão era do pai do atleta, e ainda afirmou que Pistorius dormiu no lado esquerdo da cama, explicando a presença do coldre da pistola de 9mm naquele lado.
Depois foi a vez de o promotor Gerrie Nel fazer novas perguntas ao detetive. Ele tentou explorar um acontecimento antigo, em que Pistorius foi detido por agressão a uma mulher, mas foi interrompido pelo juiz Desmond Nair.
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